quinta-feira, 15 de abril de 2010

Mary & Max

"Mary & Max" está em exibição em sessões de pré-estreia na Capital

Animação para adultos narra a história de uma amizade mantida durante 20 anos apenas por cartas enviadas pelo correio

Vem da Austrália uma das animações mais surpreendentes dos últimos tempos. Mary & Max está em exibição em sessões de pré-estreia há duas semanas, entre sexta e domin­go, em cópias legendadas, no Guion Center e no Unibanco Arteplex. Deve estrear semana que vem. A história é a de uma amizade distante e improvável, mantida durante 20 anos apenas por cartas enviadas pelo correio. A protagonista é Mary Dinkle (voz de Toni Collette), menina de oito anos gordinha e solitária.

Ela vive no subúrbio de Melbourne com a mãe, que é alcoólotra, e o pai, totalmente ausente. Sempre achou que os bebês fossem provenientes de latas de refrigerante porque foi com essa conversa que sua mãe conseguiu se livrar do incômodo assunto. Certa vez, aleatoriamente, o endereço de Max Horovitz (voz de Philip Seymour Hoffman) em Nova York vai parar nas suas mãos. Curiosa sobre a vida na metrópole e, principalmente, sobre a origem das crianças no outro lado do mundo, ela resolve escrever para ele.

— Aqui é diferente — responde Max. — Quando tinha quatro anos, perguntei à minha mãe e ela disse que viemos de ovos postos por rabinos. Se você não é judeu como eu, nasce de ovos postos por freiras. Se é ateu, de ovos postos por prostitutas.

Os dois se entendem. É que Max tem 44 anos, sofre de Síndrome de Asperger, um tipo de autismo, vive isolado e frequenta os Comedores Compulsivos Anônimos buscando acabar com a obesidade. Envia um chocolate norte-americano à menina. Ela retribui com uma lata de leite condensado australiano.

Ele nunca teve um amigo — "de verdade", enfatiza, porque Mr. Ravioli, seu amigo invisível, "foi viver no canto da casa, mudo, desde que meu psiquiatra disse que eu não precisava mais dele". Ela adora o vizinho Damien (voz de Eric Bana) e é a única pessoa a se comunicar com outro sujeito das redondezas, alguém que morre de medo de sair na rua e que, em sua cabeça confusa, sofre de uma doença "que aqui chamamos homofobia".

Pode não parecer, mas nada é forçado em Mary & Max. E não apenas por se tratar de uma história real (leia abaixo), mas também, e especialmente, pela sensibilidade do diretor Adam Elliot em alternar os dramas pessoais dos dois com pitadas de humor, que levam o público a olhar para ambos com outros sentimentos além da simples compaixão. Suas vozes e seus traços, nada menos que brilhantes no uso da técnica da animação de massinhas (em stop motion, ou seja, moldada quadro a quadro), têm uma expressividade rara.


Mesmo detalhes como o predomínio dos tons sépia, às vezes pontuados por vermelhos fortes, dizem alguma coisa ao espectador. Elliot fala de tudo um pouco — sexo, repressão, alcoolismo, obesidade, religião, confiança, família, isolamento. E não se perde. Consegue ser enfático, profundo, sem deixar de ser sutil.


Comentario do Coisa: Para todos que gostam de animação e de uma boa história romântica uma boa pedida para os casaias que estão afim de ir no cinema :D

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